A lua quando vem saindo por detras da montanha é uma solidão
Até parece uma coroa de prata, coração da mulata lá do meu sertão"...
A vida das mulheres do gado pode parecer ser como a poesia dos peões apaixonados pelo seu encanto e beleza.
Mas as mulheres da vida de gado vão além do imaginário masculino, não somos as cowgirls casadoiras e ingenuas das modas de viola.
Somos as mulheres da lida, valentes e ousadas, somos as femeas que desafiam a força dos touros, e a rapidez dos cavalos.
Nosso universo é imenso, nossa coragem:imensurável!
Nós não tememos a força do animal, não corremos da raia, enfrentamos o coice, a mordida e a cabeçada. Enfrentamos até o mais difícil desafio: O machismo dos mais fracos dos animais: os homens do gado!
As mulheres do gado são delicadas e frágeis sempre, fracas e covardes jamais!
Conseguem ser delicadas como a mais rara orquídea mesmo vestidas em macacões sujos de terra e calçadas em botinas nitidamente projetadas para pés mais rudes.
Debaixo do seu chapéu de lida, se esconde o mais perfumado e sedoso cabelo, jóia rara guardada para aquele que perceber um dia que para tirar seu chapéu, só sendo mesmo um peão de "se tirar o chapéu".
Ah, essas mulheres do gado metem medo e apavoram os desprevenidos exemplares masculinos, que temem suas esporas, mais do que os cavalos, pois suas esporas estão nos olhos melindrosos, no sorriso maroto e desconcertante, na maneira maliciosa que surpreendem ora sendo a mulher imponente e arredia, ora a doce menina de tranças.
A espora da mulher do gado acerta em cheio o coração e o ego do tolo homem, é na espora que a mulher do gado faz gemer e chorar.
Sabem amar como ninguém! O amor da mulher do gado é intenso, forte, impaciente, pois assim é sua natureza, senão com certeza ela não seria uma mulher do gado.
Seu talento está justamente em saber ao mesmo tempo amar e impor com uma rudeza incompreensível, pois doces ordens saem de sua boca como o mais delicioso pedido.
Somos felizes por que somos mulheres do gado, guardamos o segredo da natureza, da força e da meiguice, mesmo os mais bravios touros sucumbem ao nosso toque e a nossa voz.
Não somos mulheres metidas a macho, não somos "peões com seios": somos apenas meninas audaciosas,valentes mulheres que maliciosamente aprenderam a hora certa de usar a peia e o laço, seja no pasto ou no mais macio dos lençóis.
(Homenagem a nós: zootecnistas de todo Brasil, mulheres da vida de gado, valentes guerreiras das baias e dos pastos,mães, mulheres, amantes, senhoras sublimes da poesia sertaneja e do coração dos peões apaixonados)
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